A propósito do artigo: Digital natives, digital immigrants - Prensky, M. (2001)
(from thtoothpastefordinner.com)
O autor Marc Prensky apresenta neste artigo a diferença entre aqueles que classifica como “Digital Natives” e “Digital Immigrants”.
Nos tempos que correm há inúmeras diferenças entre os jovens do presente e os jovens que todos nós fomos, ou seja, estes jovens de hoje em dia, enquadram-se naquilo que é classificado pelo autor como “Digital Natives”. Estes jovens nasceram e cresceram na era digital, na era informatizada, foram desenvolvendo as suas personalidades sempre de mão dada com as tecnologias. Como o autor refere como exemplo, comprovou-se que estatisticamente estes jovens passaram menos de 5000 horas a ler, enquanto que passaram cerca de 10.000 a jogar computador.
Tudo isto serve para mostrar como é relevante assumirmos que a forma como estes jovens processam e assimilam a informação é totalmente diferente dos seus predecessores, os considerados “Digital Immigrants” que tiveram que aprender a enquadrar-se na era da tecnologia, com a qual não nasceram.
A ilação que se retira daqui é que poderá existir por este motivo um fosso entre os dois grupos e este poderá ser acentuado, caso o ensino ministrado nos dias de hoje não tenha em atenção as diferenças dos jovens do presente. Estes jovens têm a capacidade de executar multi-tarefas, pois assimilam a informação rapidamente e logicamente isso advém dos recursos que aprenderam a usar, desde tenra idade.
O ensino mais conservador, demasiado teórico, transmitindo as informações passo a passo, muitas vezes demasiado lentamente e de forma repetitiva não será o indicado para estes jovens e consequentemente poderá desmotivá-los e afastá-los da vontade de aprender e adquirir o conhecimento na escola. A linguagem que os estudantes usam é totalmente diferente, os meios e recursos são avançados e, por isso, qualquer professor que queira chegar a eles tem de alterar as suas metodologias.
Terão estes estudantes, “Digital Natives”, de ser obrigados a recuar no tempo e a adaptar-se aos métodos de ensino mais obsoletos, ou terão de ser os professores, “Digital Immigrants”, a aprender os novos métodos e a pô-los em prática? O mais lógico será a segunda hipótese, os professores devem reconsiderar as metodologias e os conteúdos a serem usados, pois tudo merece ser alvo de evolução e devemos acompanhar os tempos. Para além disso, se o objectivo é ensinar, ou num contexto platónico, ajudar a caminhar e a encontrar a fonte desse conhecimento, o professor não deve encarar sempre a mesma metodologia e acreditar que aprender não possa ser divertido, nem tenha de sofrer evoluções.
Desta forma o professor terá de reconsiderar em primeiro a metodologia, deve aprender a comunicar na linguagem e estilo dos seus estudantes, tentar ir de forma mais rápida e em paralelo com os mesmos, em segundo rever os conteúdos, e dentro destes os conteúdos do passado e os do futuro.
Nos conteúdos dos currículos escolares anteriores, assim como por exemplo o latim se tornou uma língua morta, apenas de interesse para linguistas ou estudantes de literaturas clássicas, poderá haver conteúdos que perdem importância face a outros que estarão mais ao alcance dos dias de hoje, ligados à era digital e tecnológica, software, robótica, nanotecnologia, mas também sociologia, ética, política. O mote aqui coloca-se na forma como se vão ensinar os dois tipos de conteúdos.
Já se fizeram com sucesso adaptações de materiais para a linguagem actual que está ao alcance dos “Digital Natives”, o que o autor sugere é criar jogos de computadores para ajudar a leccionar os conteúdos, pois estes são sempre um recurso extremamente conhecido destes estudantes. O autor apresenta alguns exemplos que comprovam como alguns professores através desta metodologia prática, avançaram consideravelmente no processo de ensino/aprendizagem.
Assim, a conclusão retirada é que é necessário criar metodologias para todos os assuntos e todos os níveis, usando os estudantes “Digital Natives” como guias, porque se um professor quer chegar a estes jovens, tem de mudar os seus métodos e não viver agarrado a um ensino estanque, monótono e monocórdico.
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