sábado, 18 de junho de 2011

Actividades Sociais e Desenvolvimento da Identidade nos Jovens

                                          (Andy Warhol)

O estudo em questão aponta para a importância da utilização do telefone móvel entre os jovens.

Nos dias de hoje o uso do telemóvel para os jovens pode abranger diversas situações e ter variadas utilidades, tal como é referido no artigo, é uma espécie de canivete suíço. Primeiramente a sua utilização primordial será sempre o efectuar chamadas ou enviar mensagens, como forma de comunicação abrangente, recorrendo-se também por vezes a outras utilidades como o alarme, ou a agenda. A internet e os jogos são os menos utilizados, o que se poderá dever a diversos factores, as ligações de internet são por vezes demasiado dispendiosas e lentas, e a qualidade de imagem para realizar um jogo não é das melhores, principalmente se compararmos com a qualidade de um monitor de computador ou uma consola e respectivo televisor. No entanto utilizar o rádio ou a música mp3 já é mais frequente, em especial desde 2004, assim como tirar fotografias que, na maioria das vezes, se enviam apenas por bluetooth ou se descarregam no pc, sendo depois enviadas por mail ou messenger. Muitas vezes apesar dos jovens possuírem telefones bastante avançados e actualizados, não têm a capacidade ou a paciência para os explorar. No entanto, tal como houve um crescimento exponencial na utilização da máquina fotográfica ou do rádio do telemóvel, é possível que se os serviços de internet se tornarem mais económicos e rápidos, e as próprias configurações no telefone se tornarem mais claras, venham a sofrer também um aumento exponencial.
                                                       (Andy Warhol)
                                                                   

No entanto a utilização que os jovens fazem do telemóvel também está associada a factores culturais e sociais, daí que existam diferenças vincadas se analisarmos a sua utilização entre jovens de várias partes do mundo. O factor da moda é também fulcralmente associado ao tipo de telemóvel que adquirem, no entanto variando também de local para local. Mas alguns inquiridos apresentaram como mais frequente adquirir o telemóvel mais caro do mercado exclusivamente para exibi-lo e competir com os amigos.
Claro que também há alguns que não querem saber do aspecto, mas apenas se funciona. Alguns gostam da estética e muitas raparigas até vão diversificando nas bolsas de telemóvel de marca, mudam de toque, de fundo de ecrã, como imagem ou reflexo das suas personalidades. Se a importância aqui é tão exacerbada deve-se ao facto deste aparelho, muitas vezes, conter no seu interior experiências e informações de grande relevo, em particular tratando-se de um adolescente. Na estatística há alguns que chegam a deixar o telefone em casa, para combater a dependência, no entanto acabam por usar outros mecanismos digitais, como internet ou videojogos
 Entre os factores essenciais da utilização do telemóvel destaca-se a disponibilidade que este acarreta, pois os jovens podem ter tudo e todos junto deles. Daí que o tenham sempre ligado, mesmo à noite, porque algum amigo pode precisar de apoio, aqui entra a componente emocional, se alguém precisa de um ombro amigo fora de horas, este estará lá, o sono ficará sempre para segundo plano, o que é reflexo do coração de um jovem adolescente que vive as emoções à flor da pele. Ao ponto de, por exemplo na Itália e na Finlândia já existir um fenómeno de comunicação conseguido ao dar um toque apenas para dizer que está tudo bem. Toda esta disponibilidade tem também efeitos negativos, pois há sempre o reverso da medalha, como perseguição constante através do telemóvel por alguém indesejado, no entanto neste estudo estes não foram apontados por muitos jovens.
                                                             (Roy Lichtenstein)

O uso do telemóvel continua a ter a grande componente social, como pertencer a um grupo, a presença, o status, que consequentemente permite que o jovem goste de si mesmo e se sinta bem por pertencer a algo e identificar-se. A identificação e a socialização contra a exclusão.
Não há momentos ou se existem são raros em que o telefone esteja totalmente desligado, pois parece haver dificuldade em abdicar da presença deste, sendo que dessa forma haveria uma espécie de corte com essa socialização, juntando a isso todos os outros elementos, net, tv e jogos, a capacidade de concentração é ameaçada, ou exige-se dela um grande esforço para conciliar tudo.
A ausência desses meios de comunicação, no qual o telemóvel tem um papel fundamental pode até causar stress, o desconhecer por momentos o que se passa na sua rede de contactos, a rede social. Perder o telemóvel é o caos porque implica perder a ligação com as pessoas, os números e afins. Aqui entra novamente a questão da disponibilidade que o telefone permita que tenhamos para os outros, a quem dizemos que podem ligar sempre que precisarem ou quiserem.
O telefone veio dar um acréscimo às preocupações dos jovens no mundo moderno, pois este simples objecto é um elemento tão essencial que é quase omnipresente. Muitas vezes a atenção do jovem não se centra no espaço físico em que se encontra, pois esta é desviada para verificar se recebeu alguma mensagem, ou mesmo para consultar qualquer informação ou aceder às músicas.
A relação entre os jovens e o telemóvel é tão dependente que muitos adultos, enquanto pais, educadores e professores se debatem com essa problemática, de pretender que a atenção dos seus filhos ou alunos se centre em outras coisas que não o simples aparelho, mas a luta é inglória pois este é o melhor instrumento para virtualmente socializar, entre a população jovem.

Comentário a partir do texto:
Stald, G. (2008). Mobile Identity: Youth, Identity, and Mobile Communication Media. In Youth, Identity, and Digital Media: 143-164.

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