domingo, 18 de dezembro de 2011

Recursos Educativos Abertos



Actividade: Escolha de dois recursos educativos abertos 

Optei por selecionar um recurso em que não há necessidade de adaptação, pois o mesmo serve os fins e o público a que se destina, enquanto no outro terão de existir adaptações para que o recurso possa utilizar-se na disciplina de Português.



RECURSO I

Endereço: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/11052

Nome do recurso: “Game” da Reforma Ortográfica


Introdução


A reforma ortográfica veio trazer alguns problemas de adaptação da população em geral, com particular incidência na escola, onde os alunos já avessos a aspetos gramaticais da língua portuguesa e à própria escrita e leitura são colocados perante o desafio de alterar um número considerável de regras de ortografia. Sendo necessária uma prévia explicitação das mudanças ocorridas na ortografia, a sua melhor consolidação de conhecimentos resultaria num jogo interativo, atraente aos jovens, sob o signo da motivação. Para além do exposto creio ser de maior eficácia na aprendizagem a utilização de um elemento multimédia pois, recordando os princípios de Mayer, a apreensão e a retenção na memória será mais facilitada.

"O ensino do Português desenrola-se hoje num cenário que apresenta diferenças substanciais, relativamente ao início dos anos 90 do século passado. Exemplo flagrante disso: a projeção, no processo de aprendizagem do idioma, das ferramentas e das linguagens facultadas pelas chamadas tecnologias da informação e da comunicação, estreitamente associadas a procedimentos de escrita e de leitura de textos eletrónicos e à disseminação da Internet e das comunicações em rede. Do mesmo modo, não foram poucos os testemunhos que sublinharam a necessidade de se acentuar, no ensino do Português, uma componente de reflexão expressa sobre a língua, sistematizada em processos de conhecimento explícito do seu funcionamento e da sua gramaticalidade, sem que isso se traduza necessariamente numa artificial e rígida visão prescritiva da nossa relação com o idioma." (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Programas de Português do Ensino Básico. Lisboa, 2008)





Critérios do Recurso:
- A informação apresentada é rigorosa;
- Vantagem na interatividade do mesmo;
- Uma ferramenta de aprendizagem original;
- A estrutura e a apresentação são apelativas;
- É um elemento de utilidade para consolidar a aprendizagem;
- Apela a uma memorização;
- Não necessita de muita largura de banda para ser executado.



Adaptações:
Embora exista, na introdução ao jogo, a explícita referência à adaptação, transformação e distribuição, já que a mesma possui uma licença Creative Commons, esta não seria levada a cabo. Os motivos prendem-se com o facto de o jogo cumprir os requisitos necessários para uma utilização contextualizada, para além da dificuldade nas alterações e adaptações num formato deste género.



Sequência de Aprendizagem



Objetivos:
- Conhecer as modificações e alterações trazidas pelo Novo Acordo Ortográfico de 1990;
- Desenvolver competências linguísticas, de modo a exercitar a prática na Nova Ortografia;
- Explorar a nova grafia das palavras conforme o Acordo Ortográfico de 1990;
- Testar conhecimentos previamente adquiridos;
- Descobrir regularidades no funcionamento da língua;
- Explicitar regras e procedimentos nos diferentes planos do conhecimento explícito da língua;  
- Reconhecer o português padrão como a norma que é preciso aprender e usar na escola e nas situações formais fora dela;
- Mobilizar o conhecimento aprendido para melhorar a proficiência linguística no modo oral e no modo escrito;
- Aplicar exercícios diversificados, com o intuito de exercitar as novas mudanças na grafia das palavras.

Exposição

- Breve notícia histórica sobre as reformas ortográficas da Língua Portuguesa até 1990;
- A atualidade e pertinência do Novo Acordo Ortográfico de 1990;
- Consciencialização de regras e alterações introduzidas pelo Acordo Ortográfico;
- Consciência da variação, reconhecimento da forma adotada em Portugal.

Consolidação

- Ficha de diagnóstico sobre as alterações do novo acordo ortográfico;
- Exercício de comparação entre textos para deteção de diferenças e sistematização de regras ortográficas;
- Exercício de reescrita de texto para tomada de decisão consciente sobre opções a tomar na escrita de palavras;
- Jogo da Reforma Ortográfica para treino de memorização da imagem gráfica das palavras e exposição aos erros. 

RECURSO II


Nome do recurso: Grandes Poetas


Introdução


O curso em questão serve como base para um desenvolvimento de um curso de características semelhantes, vocacionado para poetas portugueses. Assim sendo, este será um recurso de utilidade prática aquando das devidas transformações e adaptações.

Critérios:
- Estimula o espírito crítico e analítico;
- Tem uma organização e estrutura adequadas;
- Tem qualidade na informação;
- Possui rigor na informação;
- Permite uma auto-aprendizagem;
- Tem utilidade enquanto ferramenta de leitura e escrita;
- Facilita a construção de um percurso poético;
- Condensa os elementos essenciais da poesia;
- É facilitador na adaptação;
- Permite uma reflexão sobre períodos literários.


Adaptação:
O recurso escolhido serve apenas como base de desenvolvimento para um curso totalmente adaptado à nossa realidade. Assim sendo, um professor de língua inglesa pode adaptá-lo ao seu programa, mantendo a língua do mesmo. No meu caso será efetuada uma adaptação linguística, de forma a abarcar os alunos portugueses, assim como ao nível dos conteúdos, englobando autores de língua portuguesa, constantes no programa de Português do ensino secundário, e de acordo com a sua contextualização histórica e cronológica. Sendo esta apenas uma adaptação inicial e superficial, a mesma poderá, com mais tempo, sofrer novas adaptações e reutilizações consoante os interesses de cada professor e tendo em vista o público-alvo.


Sequência de Aprendizagem

Objectivos:
- Formar leitores reflexivos e autónomos que leiam na Escola, fora da Escola e em todo o seu percurso de vida, conscientes do papel da língua no acesso à informação e do seu valor no domínio da expressão estético-literária;
- Promover o conhecimento de obras/autores representativos da tradição literária, garantindo o acesso a um capital cultural comum;
- Assegurar o desenvolvimento do raciocínio verbal e da reflexão, através do conhecimento progressivo das potencialidades da língua;
- Contribuir para a formação do sujeito, promovendo valores de autonomia, de responsabilidade, de espírito crítico, através da participação em práticas de língua adequadas;
- Promover a educação para a cidadania, para a cultura e para o multiculturalismo, pela tomada de consciência da riqueza linguística que a língua portuguesa apresenta;
- Desenvolver o gosto pela leitura dos textos de literatura em língua portuguesa, como forma de descobrir a relevância da linguagem literária na exploração das potencialidades da língua e de ampliar o conhecimento do mundo.

Quadro de Conteúdos e tarefas 

Conteúdos
Tarefas
1
Introdução ao Tema – A Poesia
- Recursos Estilísticos;
- Aspetos formais;
- Aspetos temáticos.

2
A poesia portuguesa da Idade Média

Trabalho: Contextualização histórica; Análise de uma cantiga de D. Dinis
Cantigas de Amigo, de Amor, de Escárnio e Maldizer
D. Dinis
3
A poesia do Renascimento

Análise de dois sonetos de Camões, de cada corrente
Sá de Miranda
Luís de Camões “A Lírica”
A corrente tradicional e a renascentista
4
A poesia Barroca

- Texto argumentativo em defesa da Arcádia Lusitana, integrando um papel de autor.

- Análise de um poema de Bocage
A Arcádia Lusitana
Correia Garção
Filinto Elísio
Bocage
5
A poesia do Romantismo

Texto crítico sobre o Romantismo;

Reflexão sobre a obra de Garrett em estudo
Almeida Garrett " Folhas Caídas" 
6
A poesia do Realismo

- Reflexão sobre o realismo/naturalismo português com paralelo na prosa;

- Análise dos aspetos relevantes e representativos do movimento na poesia de Cesário
Cesário Verde
7
O modernismo português

- Texto reflexivo sobre o Modernismo em Portugal
Fernando Pessoa Ortónimo e Heterónimos
Mário de Sá-Carneiro
8
A poesia do século XX
Relatório final:
- Súmula dos períodos literários em Portugal, com destaque de cada nome mais relevante.
- Escolha de dois poetas e análise da sua obra, ao nível formal e temático.
Florbela Espanca “Livro de Mágoas”
Sophia de Mello Breyner "Ilhas" 
Miguel Torga “Câmara ardente”
Jorge de Sena "Visão Perpétua" 
Eugénio de Andrade "As mãos e os frutos" 
Herberto Hélder "Poemacto" 




Referências:
Banco Internacional de Objetos Educacionais: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/
Open Educational Resources: http://www.oercommons.org/
Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular: http://www.dgidc.min-edu.pt






segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Tema 2: Repositórios e outras fontes de REA

Tarefa: Pesquisa e partilha de 3 fontes / repositórios de REA online considerados de interesse, com breve fundamentação da escolha feita.

Os repositórios institucionais podem ser considerados como sistemas de informação que armazenam, preservam, gerem e disponibilizam o acesso à produção científica de uma instituição e/ou comunidades cientificas, por meio de provedores de serviços nacionais e internacionais.

SciELO Portugal

A Scielo é uma biblioteca virtual que inclui uma colecção seleccionada de periódicos científicos portugueses, permitindo o acesso aos textos integrais dos artigos.

Esta biblioteca é uma forma eficaz e imediata de pesquisa, pois as publicações periódicas são, muitas vezes, essenciais a colmatar lacunas numa investigação, ou um complemento indispensável a qualquer investigador de qualquer área do conhecimento.

A ScieLO possui uma licença CC-BY-NC que permite aos utilizadores aceder, distribuir, exibir e executar a obra, bem como criar obras derivadas, desde que confira o devido crédito autoral, da maneira especificada pelo periódico.

Repositório Aberto da Universidade do Porto

Reúne as colecções, em texto integral, da produção intelectual da Universidade do Porto. Pela sua caracterização representa um espaço importante de consulta para a investigação académica, nomeadamente na minha área de mestrado em Estudos Portugueses.

Repositório da Universidade de Lisboa

Um repositório que permite o acesso à produção intelectual da Universidade. Representa um espaço de eleição para o meu trabalho de investigação na área do Romanceiro Português, concernente ao Departamento de Letras.

Referências:

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Reflexão - Potencialidades e desafios dos Recursos Educacionais Abertos



Ao longo dos séculos assistimos à evolução da educação e vai já longe o controlo das massas através desta e o poder totalitário da igreja sobre a mesma. Não indo tão atrás no tempo, basta observar o fosso que existe entre a educação dos anos 70, cuja inovação foi a telescola que pretendia alargar as possibilidades de aprendizagem às zonas recônditas e rurais do país, e a educação de hoje em dia, do milénio da tecnologia.
Precisamente no início deste milénio começam a emergir os recursos educativos abertos disponíveis na Web. A designação Open Educational Resources  (OER) foi usada pela primeira vez durante um workshop da UNESCO em open courseware, em Julho de 2002, para designar a disponibilidade na Web de recursos educacionais abertos, para consulta, utilização e adaptação.
Sem pretender ser controversa e transformar a minha posição num fundamentalismo arcaico, o aparecimento destes novos recursos, assim como a generalidade de ferramentas da Web deixaria decerto Guttenberg em estado de incredulidade. Mas não me cabe, enquanto educadora, defender acerrimamente a manutenção e exclusividade do papel. Pelo contrário, a evidência está aí, à vista de todos, os recursos educacionais abertos devem ser encarados como uma nova revolução, dentro da tecnologia certamente, mas também como elementos complementares no nosso ensino tradicional que devemos abraçar. Não significa que com a utilização destes recursos os alunos deixem de frequentar bibliotecas ou manusear com apreço as páginas de papel de uma edição do “Memorial do Convento”, ou da enciclopédia Lello, significa sim que haverá mais que isso na próxima curva deste caminho. Inovação e tecnologia sempre existirão e de forma crescente e actualizada, a diferença é que já não precisamos de ajudar Blimunda e Baltasar apenas na construção da passarola, precisamos de ajudar na construção, adaptação e aplicação de novos recursos. 
A abordagem da Web providencia o potencial de combinar todos os tipos de canais através dos quais o conhecimento pode ser mudado e partilhado, desde o simples texto até às aplicações interactivas de multimédia, permitindo que os participantes desenvolvam um pensamento crítico e competências analíticas em como intervir nesses ambientes e como tirar vantagem da Web para as suas necessidades pessoais de aprendizagem (Brown e Adler, 2008; Weller e Meiszner, 2008).
No contexto dos recursos educacionais abertos adaptar é um verbo elucidativo daquilo que somos enquanto ser humanos e é o gesto do quotidiano de cada um. Enquanto professores adaptamos os materiais às nossas próprias realidades que passam por diferenças na população escolar, faixa etária, língua ou nacionalidade, em suma, diferenças por vezes abismais de uma turma para outra pela heterogeneidade que é inerente a cada um. Providenciar o tipo de educação que ensina sobre e para pessoas de diferentes costumes, crenças, valores é uma tarefa essencial da educação (TRINDADE; SANTOS, 1999). Pegando num exemplo concreto, no meu percurso profissional muitas vezes adapto materiais, e o exemplo mais cabal do verbo adaptar foi ao leccionar português enquanto língua estrangeira a uma turma de chineses, ou seja, do ramo sino-tibetano, tão oposto ao latim em termos linguísticos, e a uma outra turma de galegos. Os recursos usados nunca poderiam ser os mesmos e por isso tiveram de ser adaptados, neste contexto, conforme a proveniência geográfica dos meus alunos.


O sucesso das novas formas de ensino e dos recursos educacionais abertos tem sido crescente e pode verificar-se em inúmeros exemplos, como a criação da Wikipedia uma enciclopédia que cresce diariamente desde 2001, graças à partilha e contribuição de todos e que ultrapassa fronteiras, disponível em diversas línguas, e abarcando o conhecimento em todas as áreas. Ou os cursos que o MIT disponibilizou a partir de 2002, ou as importantes contribuições da UNESCO, da OECD, da William and Flora Hewlett Foundation e da Sun Microsystems. E se estivermos atentos vemos essa evolução diariamente, em novas formas tecnológicas. Ainda no passado mês de Setembro, a Coreia anunciou a sua estratégia para a educação online, tendo a intenção de implementar o sistema digital em todas as escolas do país até 2015, visando modernizar o sistema educacional e facilitar o acesso. Em Portugal vimos este mês o anúncio do governo em reduzir o número de turmas com ensino de português no estrangeiro, para a Federação Nacional de Educação (FNE), a solução para evitar o desemprego que daí advirá e a perda de qualidade no ensino de português no estrangeiro poderá passar pelo ensino à distância. Ora se a tecnologia está aí, o que temos é de a utilizar e aproveitar, e por ela passam os recursos que servem de tema a esta reflexão. A utilização destes permite democratizar o ensino (disponibilizando-os a quem interesse, independentemente da localização geográfica), uma redução de custos e o trabalho colaborativo entre professores e alunos que, consequentemente, levará a melhorias de um determinado recurso, seja ao nível da quantidade da informação, como da qualidade e da forma como esta se apresenta.


Os ganhos e as motivações para o envolvimento com a educação aberta variam dependendo da perspectiva ou do cenário de aplicação. Motivações para os estudantes se envolverem com a educação aberta podem ser de natureza extrínseca ou intrínseca (Meiszner, 2010). As motivações extrínsecas, como obter algum tipo de reconhecimento, estão talvez mais inerentes ao ensino formal, enquanto as intrínsecas, como o interesse num determinado objecto, relaciona-se com o lado da educação aberta.
A tendência é recorrer a formas de ensino informais, onde cada indivíduo toma parte no processo de construção do conhecimento, num espaço global aberto a todos. O que nos fará crescer enquanto seres sociais será assumir que o conhecimento é de todos e ele deve ser partilhado, combatendo o egoísmo latente. A paixão de ensinar é a paixão de aprender e vice-versa, daí advém a constante partilha de experiências e saberes fazendo destes momentos de aprendizagem uma cura para a alma Os egípcios definiam as bibliotecas como tesouros dos remédios da alma, hoje em dia esses tesouros atravessam as bibliotecas e recomeçam na Web, em redes digitais, fazendo desses espaços, em conjunto, o mítico El Dorado do conhecimento. 

 Referências:

Amiel, Tel; Orey, Michael e West, Richard. Recursos Educacionais Abertos (REA): modelos para localização e adaptação 

Gurell, Seth (autor) & Wiley, David (editor) (2008). OER Handbook for Educators 1.0. [http://wikieducator.org/OER_Handbook/educator_version_one]

Meiszner, Andreas. The Why and How of Open Education’. United Nations University | UNU-MERIT | CCG: The Netherlands

Weller, Martin (2010). Big and Little OER. In Open Ed 2010 Proceedings. Barcelona: UOC, OU, BYU. [http://hdl.handle.net/10609/4851]

Wiley, David (27-09-2011). On OER – Beyond Definitions. Iterating toward openness. [http://opencontent.org/blog/archives/2015].




Orientação sobre os Recursos Educacionais Abertos

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A Web 2.0 e a educação

O uso crescente das tecnologias digitais e das redes de comunicação interactiva acompanha e amplifica uma profunda mutação na relação com o saber. Ao prolongar determinadas capacidades cognitivas humanas (memória, imaginação, percepção), as tecnologias intelectuais com suporte digital redefinem seu alcance. E algumas vezes até mesmo sua natureza. As novas possibilidades de criação colectiva distribuída, aprendizagem cooperativa e colaboração em rede oferecida pelo ciberespaço colocam novamente em questão o funcionamento das instituições e os modos habituais de divisão do trabalho, tanto na empresa como nas escolas. (Lévy, 2001)

Segundo Cobo e Pardo (2007), a educação é uma das disciplinas mais beneficiadas com o surgimento das novas tecnologias, especialmente as relacionadas com a Web 2.0.
É interessante observar que as possibilidades de aprendizagem colaborativa com a Web 2.0 surgem como uma resposta à tradicional estrutura estática da Internet com poucos emissores e muitos receptores (como a televisão), começando a adoptar uma nova plataforma onde as aplicações são fáceis de usar e permitem que haja muitos emissores, muitos receptores e uma quantidade significativamente mais alta de intercâmbios e cooperação.
(Retirado de: A Web 2.0, Educação a Distância e o Conceito de Aprendizagem Colaborativa na Formação de Professores - Ana Beatriz Gomes Carvalho)

O mundo Matrix




The Matrix - filme de 1999, realizado pelos irmãos Wachowski e protagonizado por Keanu Reeves e Laurence Fishburne.
Matrix foi escrito como uma trilogia (Matrix, Matrix ReloadedMatrix Revolutions). Os fãs do estilo cyberpunk consideram a trilogia uma obra prima. Matrix é uma obra de arte multimédia, a história inteira do universo Matrix está presente nos 3 filmes, em 9 desenhos animados, chamados Animatrix (o primeiro desenho conta uma história que se passa entre o primeiro e o segundo filme da trilogia), em histórias em banda desenhada (lançadas apenas nos Estados Unidos) e no jogo Enter the Matrix (que completa a história do filme Matrix Reloaded).
Sinopse:
Num futuro próximo, Thomas Anderson (Keanu Reeves), um jovem programador de computador é atormentado por estranhos pesadelos nos quais se encontra conectado por cabos e contra sua vontade, num imenso sistema de computadores do futuro. Em todas essas ocasiões, acorda gritando no exacto momento em que os electrodos estão para entrar no seu cérebro. À medida que o sonho se repete, Anderson começa a ter dúvidas sobre a realidade. Por meio do encontro com os misteriosos Morpheus (Laurence Fishburne) e Trinity (Carrie-Anne Moss), Thomas descobre que é, assim como outras pessoas, vítima do Matrix, um sistema inteligente e artificial que manipula a mente das pessoas, criando a ilusão de um mundo real enquanto usa os cérebros e corpos dos indivíduos para produzir energia. Morpheus, entretanto, está convencido de que Thomas é Neo, o aguardado messias capaz de enfrentar o Matrix e conduzir as pessoas de volta à realidade e à liberdade.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Utilização social dos media digitais

Comentário a partir de um inquérito elaborado a dois estudantes, alunos de uma escola profissional, residentes no distrito de Lisboa, a propósito da utilização social dos media digitais.
Partindo do conceito de Prensky de nativos digitais, é factor corrente e recorrente encontrar nos jovens de hoje em dia uma relação de proximidade e constância entre estes e os media digitais.
O papel dos media digitais na vida dos jovens do século XXI assume-se como uma extensão dos mesmos, um reflexo da própria identidade de cada um.
E se nos anos 80 a tecnologia, sendo inferior à dos dias de hoje, já nos atraía, a nós indivíduos actualmente mais próximos de imigrantes digitais, mesmo sendo apenas num formato tão arcaico como um Spectrum ou um Timex 2048 para nos divertir nos momentos de lazer, o que dizer da tecnologia de agora, em constante e rápida mutação?!

Esta é, como é lógico, uma questão retórica e o cerne deste estudo vai precisamente de encontro à relação dos jovens de hoje com essa tecnologia.
Se pensarmos no conceito de identidade móvel de Stald, podemos imaginar o lado da identificação dos jovens com meios de comunicação como o telemóvel ou o computador, mas também a questão da mobilidade na personalidade. Todos sofrem mudanças, mas estas são mais evidentes em transições como da infância ou da adolescência.
E quando se fala em identidade, não se pode evitar falar de socialização, pois uma forma a outra, daí que se analisarmos os trabalhos de Lévy e admitirmos que “o espaço cibernético é um terreno onde hoje funciona a humanidade”, temos de concluir que todos dependem deste espaço, caminham nele, crescem e se desenvolvem cognitivamente nessa relação.


domingo, 19 de junho de 2011

Cyberbullying


Conselhos Policiais
Cyberbullying
É uma realidade incontornável o facto das crianças e os adolescentes utilizarem cada vez mais as tecnologias para comunicarem e se relacionarem entre si. Estas tecnologias são inúmeras, podendo ir desde o simples computador, notebooks, pc-pockets até aos telemóveis de última geração.
Neste contexto, estes meios são utilizados para conduzir o chamado "CyberBullying". O "Cyberbullying" é um fenómeno cada vez mais presente na vida das crianças. Ele verifica-se quando uma criança ou um adolescente, que se esconde atrás do anonimato da Internet, provoca, intimida, ameaça, atormenta, importuna ou amedronta outra criança ou adolescente. Comummente, os "cyberbullies" servem-se do correio electrónico, dos Chats e dos telemóveis (via SMS) para atormentar os seus alvos.
As crianças e os adolescentes não devem:
  • Fornecer dados pessoais;
  • Partilhar informações, fotografias, filmes que as possam embaraçar;
  • Responder a mensagens ou emails que são depreciativos;
  • Reencaminhar emails ou mensagens instantâneas que são desagradáveis em relação a outras pessoas;
  • Abrir emails suspeitos ou de desconhecidos;
As crianças e os adolescentes devem:
  • Ser educados e civilizados quando estão on-line, ou quando estão a utilizar qualquer dispositivo de comunicação;
  • Não divulgar as suas palavras-passe que permitem o acesso aos seus recursos on-line (Blogues, Redes Sociais), ou de qualquer outro dispositivo de comunicação;
  • Configurar as contas de email e de Instant Messaging com os seus pais, não colocando nos seus perfis, o nome, idade, morada ou número de telemóvel;
  • Se possível bloquear, nos seus dispositivos de comunicação e nos aplicativos de email que utilizam, as pessoas que praticam o "cyberbullying";
  • Conversar com os pais ou com os educadores se estiverem a ser alvo de "cyberbullying" In "www.gnr.pt"

sábado, 18 de junho de 2011

Actividades Sociais e Desenvolvimento da Identidade nos Jovens

                                          (Andy Warhol)

O estudo em questão aponta para a importância da utilização do telefone móvel entre os jovens.

Nos dias de hoje o uso do telemóvel para os jovens pode abranger diversas situações e ter variadas utilidades, tal como é referido no artigo, é uma espécie de canivete suíço. Primeiramente a sua utilização primordial será sempre o efectuar chamadas ou enviar mensagens, como forma de comunicação abrangente, recorrendo-se também por vezes a outras utilidades como o alarme, ou a agenda. A internet e os jogos são os menos utilizados, o que se poderá dever a diversos factores, as ligações de internet são por vezes demasiado dispendiosas e lentas, e a qualidade de imagem para realizar um jogo não é das melhores, principalmente se compararmos com a qualidade de um monitor de computador ou uma consola e respectivo televisor. No entanto utilizar o rádio ou a música mp3 já é mais frequente, em especial desde 2004, assim como tirar fotografias que, na maioria das vezes, se enviam apenas por bluetooth ou se descarregam no pc, sendo depois enviadas por mail ou messenger. Muitas vezes apesar dos jovens possuírem telefones bastante avançados e actualizados, não têm a capacidade ou a paciência para os explorar. No entanto, tal como houve um crescimento exponencial na utilização da máquina fotográfica ou do rádio do telemóvel, é possível que se os serviços de internet se tornarem mais económicos e rápidos, e as próprias configurações no telefone se tornarem mais claras, venham a sofrer também um aumento exponencial.
                                                       (Andy Warhol)
                                                                   

No entanto a utilização que os jovens fazem do telemóvel também está associada a factores culturais e sociais, daí que existam diferenças vincadas se analisarmos a sua utilização entre jovens de várias partes do mundo. O factor da moda é também fulcralmente associado ao tipo de telemóvel que adquirem, no entanto variando também de local para local. Mas alguns inquiridos apresentaram como mais frequente adquirir o telemóvel mais caro do mercado exclusivamente para exibi-lo e competir com os amigos.
Claro que também há alguns que não querem saber do aspecto, mas apenas se funciona. Alguns gostam da estética e muitas raparigas até vão diversificando nas bolsas de telemóvel de marca, mudam de toque, de fundo de ecrã, como imagem ou reflexo das suas personalidades. Se a importância aqui é tão exacerbada deve-se ao facto deste aparelho, muitas vezes, conter no seu interior experiências e informações de grande relevo, em particular tratando-se de um adolescente. Na estatística há alguns que chegam a deixar o telefone em casa, para combater a dependência, no entanto acabam por usar outros mecanismos digitais, como internet ou videojogos
 Entre os factores essenciais da utilização do telemóvel destaca-se a disponibilidade que este acarreta, pois os jovens podem ter tudo e todos junto deles. Daí que o tenham sempre ligado, mesmo à noite, porque algum amigo pode precisar de apoio, aqui entra a componente emocional, se alguém precisa de um ombro amigo fora de horas, este estará lá, o sono ficará sempre para segundo plano, o que é reflexo do coração de um jovem adolescente que vive as emoções à flor da pele. Ao ponto de, por exemplo na Itália e na Finlândia já existir um fenómeno de comunicação conseguido ao dar um toque apenas para dizer que está tudo bem. Toda esta disponibilidade tem também efeitos negativos, pois há sempre o reverso da medalha, como perseguição constante através do telemóvel por alguém indesejado, no entanto neste estudo estes não foram apontados por muitos jovens.
                                                             (Roy Lichtenstein)

O uso do telemóvel continua a ter a grande componente social, como pertencer a um grupo, a presença, o status, que consequentemente permite que o jovem goste de si mesmo e se sinta bem por pertencer a algo e identificar-se. A identificação e a socialização contra a exclusão.
Não há momentos ou se existem são raros em que o telefone esteja totalmente desligado, pois parece haver dificuldade em abdicar da presença deste, sendo que dessa forma haveria uma espécie de corte com essa socialização, juntando a isso todos os outros elementos, net, tv e jogos, a capacidade de concentração é ameaçada, ou exige-se dela um grande esforço para conciliar tudo.
A ausência desses meios de comunicação, no qual o telemóvel tem um papel fundamental pode até causar stress, o desconhecer por momentos o que se passa na sua rede de contactos, a rede social. Perder o telemóvel é o caos porque implica perder a ligação com as pessoas, os números e afins. Aqui entra novamente a questão da disponibilidade que o telefone permita que tenhamos para os outros, a quem dizemos que podem ligar sempre que precisarem ou quiserem.
O telefone veio dar um acréscimo às preocupações dos jovens no mundo moderno, pois este simples objecto é um elemento tão essencial que é quase omnipresente. Muitas vezes a atenção do jovem não se centra no espaço físico em que se encontra, pois esta é desviada para verificar se recebeu alguma mensagem, ou mesmo para consultar qualquer informação ou aceder às músicas.
A relação entre os jovens e o telemóvel é tão dependente que muitos adultos, enquanto pais, educadores e professores se debatem com essa problemática, de pretender que a atenção dos seus filhos ou alunos se centre em outras coisas que não o simples aparelho, mas a luta é inglória pois este é o melhor instrumento para virtualmente socializar, entre a população jovem.

Comentário a partir do texto:
Stald, G. (2008). Mobile Identity: Youth, Identity, and Mobile Communication Media. In Youth, Identity, and Digital Media: 143-164.

domingo, 22 de maio de 2011

Quando o cinema influencia os mundos virtuais

Sucesso do filme Avatar impulsiona o uso de Second Life
Para a empresa responsável pelo software, houve aumento na quantidade de acessos neste trimestre por conta de buscas por palavras "avatar" e "3D" na internet
São Paulo - Abandonado em massa pelos usuários brasileiros, o Second Life, que foi febre por aqui em 2007, não parece ter a popularidade tão abalada assim no resto do mundo. E parte da manutenção desta popularidade se deve ao sucesso do filme Avatar, do diretor James Cameron.
Para quem não lembra, o Second Life é uma plataforma que simula um mundo virtual e que permite aos usuários, representados por personagens modelados em 3D, desenvolver qualquer tipo de atividade - inclusive perder ou ganhar dinheiro de verdade.
De acordo com a Linden Lab, empresa que desenvolveu a ferramenta, no primeiro trimestre de 2010, as transações entre os usuários atingiram US$ 160 milhões, um recorde para a plataforma desde o seu lançamento. O valor representa um aumento de 30% em relação às transações realizadas no mesmo período de 2009.
O número de acessos de usuários já cadastrados (sem contar os que entraram pela primeira vez no Second Life) também bateu recorde no mês de março deste ano: foram 826.214 logins, 13% de aumento em relação ao mesmo mês de 2009.
Os números são consequência do que a Linden Lab define como "Efeito James Cameron". Em nota divulgada nesta semana, a equipa responsável pelo mundo virtual do Second Life explica que neste trimestre houve aumento na quantidade de acessos provenientes de buscas por palavras como "avatar" e "3D". Avatar, além do nome do blockbuster norte-americano, é o termo utilizado para definir os personagens que os usuários do Second Life controlam no mundo virtual.
"O filme fez o conceito de avatar compreensível mundo afora, e colocou a palavra 'avatar' em uso comum. Além disso, o sucesso dos efeitos 3D no filme, apoiado no advento dos televisores 3D e no crescimento dos cinemas capazes de exibir conteúdo tridimensional, criou um efeito ao redor da imersão no 3D. Como resultado, buscas e o tráfego orgânico ao Second Life cresceram neste trimestre".
Apesar do "Efeito James Cameron", os dados da Linden Lab mostram que não houve uma explosão na procura pelo Second Life. Conforme os gráficos apresentados pela companhia, há crescimento constante no total de transações e acessos ao programa desde o início de 2008.
In “Exame.com"

sábado, 21 de maio de 2011

Construção da Identidade na Adolescência

(O nascimento de Vénus - Botticelli)

A identidade distingue-nos dos outros, mas ao mesmo tempo implica a relação com a sociedade. Se por um lado temos a nossa própria identidade, que fomos construindo ou que alguns ainda estão a construir, tempos algo nela que nos assemelha a outras identidades, no que concerne por exemplo à questão racial, de género, de nacionalidade, de religião e afins.
Erikson (1972) refere que “construir uma identidade implica definir quem a pessoa é, quais são seus valores e quais as direcções que deseja seguir pela vida.”
Kimmel e Weiner (1998) resumem os compromissos com que as pessoas estão implicadas em três atitudes: atitudes ideológicas (valores e crenças que guiam as acções); atitudes ocupacionais (objectivos educativos e profissionais); e atitudes interpessoais (orientação de género que influencia as amizades e relacionamentos amorosos).
Daqui o debate sobre identidade criado à volta da tensão entre duas vertentes: “posso lutar para ser eu próprio” ou para “encontrar o meu próprio EU”.
Pegando nestas duas premissas, creio que com a conjuntura actual podemos debater-nos com um constante problema de identidade e de identificação, pois quando nós, enquanto adultos, vemos as nossas vidas, previamente erguidas sobre o que nos pareciam estacas de arquitectura pombalina, com aspectos profissionais, económicos, sociais e pessoais delineados, sofrerem uma violenta alteração, temos de reanalisar uma série de opções e prioridades. Um adulto que vive numa actual crise económica de escala mundial, se vê sem emprego e com tudo o que daí advém, começa de facto a colocar em dúvida muitas das suas escolhas, das suas crenças e dos seus valores e isso, consequentemente, afecta a sua aparente sólida identidade pessoal e social. (A construção da identidade não fica limitada ao período cronológico da adolescência (com final entre 18 ou 20 anos), mas prolonga-se até que o indivíduo consiga, pelo menos, algumas tarefas, como a carreira e a independência económica - A construção da identidade em adolescentes: um estudo exploratório - Teresa Helena Schoen-Ferreira).
E se tudo isso afectará a identidade de um adulto, o que dizer de um adolescente que sente uma incapacidade de encontrar uma identidade académica, profissional ou ocupacional? E se a esta a situação acrescentarmos aquilo que afirmam Kalina e Laufer (1974) “as sociedades ocidentais estão a promover valores e exigências confusos e não explícitos. Isto, a nosso ver, dificulta o desenvolvimento da identidade pessoal pois, antes de questionar os valores transmitidos pela sociedade e pela família, o adolescente precisa descobrir quais são.”
Se a escola e a família têm um papel crucial na orientação destes adolescentes, adultos do futuro, os próprios meios digitais também cumprem aqui um papel. Estes jovens “digital natives” podem receber daqui uma ajuda e uma fonte de luz na orientação dos seus caminhos, que não recebem em outro local da sociedade “networking sites like MySpace provide opportunities for social interaction and affiliation that are crucial developmental tasks for this age group—opportunities that are all the more important now, as their access to “offline” public spaces has become increasingly restricted.”

Comentário a partir dos textos:
Buckingham, David. “Introducing Identity." Youth, Identity, and Digital Media 
Schoen-Ferreira, T.; Aznar-Faria, M.; Silvares, E. (2003). A construção da identidade em adolescentes: Um estudo exploratório